Dia 27


27. A GREVE DE 2013

Manifestações, paralisações e outros modos de protestar e demonstrar insatisfação já haviam sido praticados na UEG-Formosa. Uma greve, porém, não havia sido realizada ainda. Na noite de 3 de maio de 2013, a comunidade acadêmica reuniu-se em Assembleia e decidiu aderir, pela primeira vez, a um movimento grevista. A experiência provocou conflitos duros, mas também propiciou aprendizados importantes. Durou 56 dias e contribuiu de forma decisiva para o amadurecimento político-acadêmico da UEG-Formosa.

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A GREVE DE ABRIL A JULHO

24.04.2013: Assembleia realizada em Goiânia dá início à greve.

26.04.2013: UEG-Formosa realiza Assembleia, mas decide não entrar em greve ainda.

30.04.2013: Em Anápolis, grevistas interrompem reunião do Conselho Universitário e promovem funeral simbólico do Reitor.

03.05.2013: Em Assembleia, UEG-Formosa decide aderir à greve.

07.05.2013: Primeiro dia de atividades paralisadas na UEG-Formosa.

09.05.2013: Equipe de TV entrevista grevistas na UEG-Formosa.

20.05.2013: Início das negociações entre o Comando de Greve e o governo estadual.

22.05.2013: Em Goiânia, Assembleia decide recusar a proposta feita pelo governo estadual e manter a greve.

25.05.2013: Em Assembleia da UEG-Formosa, a maioria do curso de Pedagogia se coloca contra a greve e volta às atividades normais. Outros cursos, depois, fariam o mesmo lentamente.

28.05.2013: Assembleia em Goiânia aprova início de negociações com a Reitoria. A princípio, os grevistas insistiam em negociar apenas com o governo estadual. O governo, porém, havia interrompido os debates com o Comando de Greve.

29.05.2013: Anunciado aumento salarial para professores que trabalham na UEG em regime de contrato temporário.

13.06.2013: Em Formosa, grevistas realizam manifestação contra o Governador, que estava na cidade. No mesmo dia, o próprio Governador chegou a dialogar com uma das principais líderes da greve na UEG-Formosa, a Prof. Luciana Almeida.

18.06.2013: Grevistas realizam passeata em Formosa. Manifestação se inseriu na onda de protestos que assolou o país na época.

26.06.2013: Assembleia Legislativa do Estado de Goiás aprova novo Plano de Cargos e Vencimentos dos professores da UEG. Era uma reivindicação dos grevistas.

28.06.2013: Depois de três Assembleias com acirrados debates (em 14, 19 e 21 de junho), a UEG-Formosa decide, em Assembleia, se retirar da greve.

01.07.2013: Congregação da UEG-Formosa discute o retorno às atividades normais e aprova calendário acadêmico com aulas até a terceira semana de dezembro.

11.07.2013: Apesar do Poder Judiciário ter declarado a ilegalidade da greve, prédio da Reitoria é ocupado por grevistas. No mesmo dia, protestos são realizados em grandes cidades do país.

24.07.2013: Assembleia em Anápolis decide, com 42 votos a favor e 26 contra, encerrar a greve. No mesmo dia, foi assinado um Termo de Compromisso pelo Reitor, por alguns de seus auxiliares na Administração Central da Universidade e por representantes do movimento grevista. Ao todo, 13 Unidades Universitárias participaram da greve.

DETALHES DA GREVE EM FORMOSA

- Do início ao fim da greve, existiu uma tensão crescente entre o movimento grevista e a Direção da UEG-Formosa.

- Já na primeira Assembleia da UEG-Formosa, a grande maioria dos servidores técnico-administrativos se colocou contra a greve (e preferiu não comparecer às Assembleias seguintes). A exceção foi a Biblioteca, que aderiu ao movimento grevista durante algumas semanas.

- O movimento grevista promoveu piquetes, passeatas, atividades culturais e palestras. Encerrada a greve, cinco Grupos de Trabalho foram formados para dar continuidade aos debates.

- Um piquete, realizado individualmente por um aluno contra uma aula no curso de Química, provocou reação exaltada dos alunos que estavam na aula e levou a uma desavença física entre o professor da disciplina e o aluno-grevista.

- Nas Assembleias da UEG-Formosa, a cada votação os presentes deviam se deslocar fisicamente para manifestarem suas preferências. Em um local do pátio ficavam os que estavam votando a favor, em outro local ficavam os que eram contrários e ainda havia um local para quem estava se abstendo. Formados os três ajuntamentos de votantes, fazia-se a contagem. Para cada proposta, eram realizadas três votações: a dos professores, a dos estudantes e a dos servidores técnico-administrativos. Acatava-se a decisão tomada por, pelo menos, 2 destes 3 segmentos acadêmicos.

DECISÕES POR POUCOS VOTOS

No mês de maio, o apoio ao movimento grevista foi considerável e estimulou uma mobilização de peso. No mês de junho, porém, este apoio recuou e a mobilização diminuiu. Quando a greve já tinha mais de 40 dias, três votações deixaram claro que o movimento, em Formosa, estava em fase de declínio e cada vez mais perto do fim.

14 de junho de 2013: Professores apoiaram, pela primeira vez, a saída da UEG-Formosa da greve, enquanto os alunos apoiaram a permanência. Na votação do segmento técnico-administrativo, os poucos que estavam na Assembleia se abstiveram. O impasse provocou discussões acaloradas e durou até a Assembleia seguinte, realizada cinco dias depois. Naquela noite de 14 de junho, estavam no campus servidores técnico-administrativos contrários à greve, mas que não participavam da Assembleia. Bastava o voto de apenas um deles para definir o encerramento da greve.

19 de junho de 2013: Servidores técnico-administrativos apoiaram a saída da UEG-Formosa da greve e professores apoiaram a permanência. Entre os alunos, 65 votaram a favor da permanência na greve e 56 votaram contra.

21 de junho de 2013: Servidores técnico-administrativos novamente apoiaram a saída da UEG-Formosa da greve, enquanto os alunos voltaram a apoiar a permanência. Entre os professores, a permanência foi apoiada por 10 votos contra 7 (houve 2 abstenções). Foi a última vitória da proposta de permanecer em greve. Uma semana depois, a Assembleia decidiu encerrar a greve na UEG-Formosa.