Dia 8


8. O PROJETO VAGA-LUME

No ano de 1996, começou a ser executado em Formosa um projeto que tinha como principal objetivo reduzir os índices de analfabetismo na cidade. A FECLISF estava envolvida com a ideia. O projeto, que foi chamado de Vaga-Lume, cresceu e ganhou destaque. Após alguns anos, expandiu-se para outros municípios do Estado de Goiás e teve sua importância reconhecida pelo Ministério da Educação e pela Unesco. Algo surpreendente, sem dúvida. Um orgulho para a FECLISF (e para sua sucessora, a UEG-Formosa).

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A IDEIA ORIGINAL DO PROJETO

Inicialmente, o projeto Vaga-Lume foi posto em prática pela FECLISF, pela Secretaria de Educação de Formosa e pelo Comitê da Ação da Cidadania dos Empregados da Caixa Econômica Federal. Havia diferentes tarefas e responsabilidades para a Faculdade, a Secretaria e o Comitê. À FECLISF, cabiam as atividades educacionais do projeto.

Jovens com mais de 15 anos e adultos frequentavam as aulas e também participavam de sorteios de cestas básicas. O objetivo dos sorteios era estimular a permanência dos alunos no projeto. Os professores, que podiam ser estudantes da FECLISF, recebiam um auxílio financeiro que era pago pelo Comitê da Ação da Cidadania e pela Secretaria de Educação.

O projeto cresceu e ganhou importância. Depois de criada a UEG, a Administração Central da Universidade tomou para si o projeto, que passou a ser chamado de Programa Vaga-Lume de Alfabetização e Valorização Humana. O Coordenador Geral do programa passou a ser indicado pelo Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis. A parceria com os empregados da Caixa Econômica Federal, que fundaram uma nova organização chamada Moradia e Cidadania, foi mantida.

O NOME E O SLOGAN DO PROJETO
 
O nome do projeto foi escolhido com a participação dos próprios alunos. A ideia era fazer referência à luz (ou seja, ao saber), já que o vaga-lume é um inseto que emite luminosidade. O slogan do projeto tinha o mesmo objetivo:

Para tudo existe uma esperança, pois até no meio da escuridão uma luz teima em brilhar.

A AÇÃO DA CIDADANIA E A ORGANIZAÇÃO MORADIA E CIDADANIA 

A Ação da Cidadania foi um movimento criado no início da década de 1990 pelo sociólogo Herbert de Souza, também conhecido como Betinho. O objetivo principal do movimento era mobilizar cidadãos para combater a fome e a miséria por todo o país. Os voluntários se organizavam em comitês locais, arrecadavam doações de alimentos e promoviam ações de solidariedade. No natal, promoviam a campanha Natal sem Fome, que teve grande sucesso. A Ação da Cidadania foi um dos maiores movimentos (talvez o maior) de voluntariado e mobilização solidária em toda a história do Brasil.

Os vários comitês da Ação da Cidadania organizados pelos empregados da Caixa Econômica Federal foram transformados, no ano 2000, em uma organização chamada Moradia e Cidadania, que manteve o trabalho do projeto Vaga-Lume por mais alguns anos. Hoje, a organização é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).

A EXPANSÃO DO PROJETO

Entre os anos de 1999 e 2001, o projeto começou a se expandir cada vez mais para outras cidades goianas. A partir de então, a responsabilidade pelos seus trabalhos passou a ser da UEG e da organização Moradia e Cidadania. Dados da Universidade indicam que foram alfabetizadas mais de 80.000 pessoas em cerca de 130 municípios.

Para que esta expansão pudesse ser levada adiante na década de 2000, foi muito importante o apoio dado por outras entidades. O Ministério da Educação, em 2004, assinou convênio com a organização Moradia e Cidadania e transferiu 531.000 reais para o Programa Vaga-Lume. Em 2005, foi assinado um Termo de Parceria com a Caixa Econômica Federal para oferecer apoio logístico e patrocínio.

AS NORMAS DA UEG DE 2003
 
Em 2003, foi aprovada a Resolução CsA n. 019/2003, que instituía as normas da UEG para o Programa Vaga-Lume de Alfabetização e Valorização Humana. Estes são alguns destaques desta resolução:

- O programa tinha o objetivo de alfabetizar alunos que tivessem acima de 14 anos.

- Clubes como o Rotary e o Lions, igrejas, ONGs e prefeituras eram alguns dos parceiros previstos.

- Entre os locais previstos para funcionamento do programa, estavam cadeias públicas e asilos.

- Não era obrigatório se matricular no início das atividades de ensino. Os alunos podiam ingressar no programa mesmo com as aulas já em andamento.

- O processo de alfabetização devia durar, em média, de 90 a 180 dias. Porém, devia ser respeitado “o tempo de aprendizagem do aluno” (artigo 9, parágrafo único).

- Uma banca examinadora fazia uma avaliação final para atestar a alfabetização do aluno.

- Uma vez atestada a alfabetização, a UEG emitia um certificado em conjunto com seus parceiros.

O RECONHECIMENTO DA UNESCO
 
Para aquele projeto criado no interior de Goiás, nada foi maior, em termos de prestígio, do que ser reconhecido pela Unesco. Unesco é a sigla para United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), uma instituição fundada em 1946 e que tem sede, atualmente, em Paris. São mais de 190 os países vinculados oficialmente à Unesco. O órgão conta com enorme respeitabilidade internacional e sua aprovação a algum projeto equivale a um atestado de inquestionável qualidade e bons propósitos.